Adônis estava receoso, mal tinha o dinheiro pra voltar pra casa, mas estava lá. Não apenas isso, era o primeiro encontro oficial de uma nova expectativa, uma nova esperança. Duas almas estavam ao seu redor, mas não eram apenas duas almas, eram corpos, histórias, anedotas e risadas, e como essas risadas curavam as feridas de Adônis.
Quatro horas que pareceram quatro minutos, tanto ainda a saber, tantas risadas a dar, quanta sinceridade, quanto carinho! Quanta cumplicidade e simplicidade, uma sensação que nenhum chá, nenhuma cocaína ou nenhum benflogin causa, Adônis chega quase a achar que tudo aquilo era uma peça que o destino lhe causara, mas já passei por tanta merda, já sofri tanto que mereço sentir tudo isso, sem medo. Olhadas de soslaio no celular, a infeliz hora da volta havia chegado. Chuva.
Três corpos dividindo o mesmo guarda-chuva, 23:23 informava o relógio ao atravessar a faixa de pedestres, adônis sente que não eram mais três corpos, como se evoluíssem para uma única alma, e como isso é confortante, excitante... Chegada a hora de entrarmos no subsolo, não quero ter q fechar o guarda-chuva e assim voltarmos a ser três corpos. Poucas palavras foram necessárias para expressar o sentimento mútuo, desceram as escadas em união, como uma brincadeira de escola, quando se tem 10 anos.
Estação Paraíso, hora da despedida, o primeiro beijo dado da noite em quem já se tinha um sentimento guardado, seguido do primeiro beijo de despedida na boca do segundo. A vida tá me pregando uma peça, logo na estação Paraíso?
R.sigma aos ouvidos, quando se achar necessário deixar a pose de lado.